Arauco abre portas para que MS seja o maior produtor de celulose

Celulose
Foto: Zig Koch

Fábrica será instalada em Inocência com previsão para ativação em 2028

A chegada de uma nova fábrica de celulose ao município de Inocência potencializa ainda mais a capacidade de Mato Grosso do Sul em se tornar o maior produtor do produto no mundo. A empresa chilena Arauco, uma das principais empresas madeireiras da América Latina, vai investir R$ 15 bilhões na instalação do novo empreendimento, o Projeto Sucuriú. A planta será a 5ª do ramo florestal no Estado e promete trazer grandes transformações, como cita o diretor de Desenvolvimento e Novos Negócios da Arauco, Mário José Neto. 

Ao jornal O Estado, o representante do grupo chileno destacou os pilares do planejamento que tem sido desenvolvido no município que receberá o megaempreendimento. “O patamar da parte de formação pessoal deve ser impactado, isso porque com a indústria e os serviços, a economia ganha muito dinamismo e as pessoas ganham oportunidade de se desenvolver e mudar de vida. Isso vai trazer uma transformação completa na sociedade inocentina”, afirmou o diretor. 

Na última terça-feira (31), o titular da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Veruck, e o governador Eduardo Riedel (PSDB) se reuniram com Mário Neto. Na ocasião, Verruck destacou o papel da instalação da empresa em Inocência. 

“Temos a construção de uma fábrica em Ribas do Rio Pardo e, agora, o projeto da Arauco, na mesma dimensão, no município de Inocência. Mato Grosso do Sul, nós chamamos de Vale da Celulose, exatamente por isso. Somos o 2º em produção de celulose, o 1º em exportação, mas com esses projetos nós seremos o estado maior produtor de celulose do mundo e com projetos altamente sustentáveis”, ressaltou. 

O grupo já atua em Mato Grosso do Sul desde 2009, com a Mahal, em Paranaíba e em Aparecida do Taboado. Segundo Neto, a escolha de Inocência leva em conta o escoamento pela rodovia, pela ferrovia e pela proximidade do rio. Segundo o representante da empresa, a Arauco está em parceria com a Fiems e o Sistema S para fazer um plano de capacitação para as pessoas da região.

“Antes de Inocência, é importante lembrar que nós escolhemos o Estado. Mato Grosso do Sul tem um clima muito favorável, ele tem principalmente para o crescimento da floresta”, destacou. 

De acordo com Mário José, a Arauco é a primeira empresa florestal no mundo a ser certificada com o selo Carbono Neutro, alinhado ainda mais com a meta de Mato Grosso do Sul em ser Estado Carbono Neutro em 2030. “A certificação ocorreu em 2017 e por três anos consecutivos temos a certificação de Carbono Neutro e isso significa que as nossas operações capturam mais carbono do que emite, ou seja, a gente deixa um legado positivo para o planeta à medida que vamos fazendo nossas operações”, pontua.

Etapas

O licenciamento ambiental está sendo realizado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), tem ainda a formação do ativo florestal e decisão final, detalha o diretor. “Esperamos que em julho de 2024 todas essas condicionantes estejam satisfeitas para a gente dar a luz verde. Iniciamos a construção em janeiro de 2025 e esperamos a conclusão da planta em março de 2028”, conclui.

O projeto

Denominado “Projeto Sucuriú”, a planta industrial estaria localizada a 50 km de Inocência e fica na margem esquerda do Rio Sucuriú, a 100 km do Rio Paraná, próximo à rodovia MS-377 e a 47 km da malha ferroviária, canais que garantirão a eficiência logística ao escoamento da celulose para exportação e para mercados como a Região Sudeste do país.

O anúncio foi feito em junho de 2022, pelo ex-governador do Estado Reinaldo Azambuja, junto com a diretoria do grupo chileno, durante evento de lançamento oficial do Profloresta (Plano Estadual de Florestas Plantadas) da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), antiga Semagro (Secretaria de Estado da Produção, Meio Ambiente Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar).  

Na fase de construção da planta, a previsão é de abertura de mais de 12 mil vagas. Quando entrar em operação, a fábrica vai gerar mais 550 empregos diretos e indiretos e mais 1.800 na parte florestal. Isso representará 14,3 mil famílias contempladas. 

Essa será a quinta indústria de celulose a se instalar em Mato Grosso do Sul, sendo pioneira entre as empresas florestais do mundo a ser certificada como carbono neutro. 

A fábrica teria capacidade para produzir sozinha metade da atual capacidade instalada de celulose do Grupo Arauco, equivalente a 5,2 milhões de toneladas. Depois de pronta, a produção prevista é de 2,5 milhoes de toneladas ao ano de celulose. Terá também capacidade de gerar energia a partir do reaproveitamento de biomassa (cascas, lignina, entre outros insumos) não utilizada no processo da fabricação. 

A usina a vapor terá capacidade de gerar 400 megawatts (MW) de eletricidade, sendo que 200 MW serão usados para consumo próprio pela unidade industrial. Os 200 MW de energia excedente – suficiente para abastecer uma cidade de mais de 400 mil habitantes – seriam disponibilizados ao mercado livre de energia.

Mato Grosso do Sul conta atualmente com três fábricas de celulose instaladas e em operação no município de Três Lagoas: uma da Eldorado Brasil, com capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano; e duas da Suzano, que produzem 3,25 milhões de toneladas por ano. A Suzano iniciou a construção de mais uma fábrica no Estado, em Ribas do Rio Pardo, produzindo 2,55 milhões toneladas/ano. 

Por Evelyn Thamaris – Jornal O Estado do MS

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