A falta de mão de obra não é novidade no país e, embora Mato Grosso do Sul tenha alcançado a condição de pleno emprego, – conceito de equilíbrio entre oferta e procura de trabalho –, tanto a indústria quanto o setor varejista vivem os desafios de não encontrar pessoas para as funções oferecidas. O problema também é percebido no âmbito da construção civil e empregos que exigem força física. Mas afinal, por que mesmo com oferta há deficit de candidatos no mercado de trabalho?
De acordo com a diretora regional do Senac MS, Jordana Duenha, o assunto da falta de mão de obra é amplo e não pode ser atribuído a apenas um fator. Para ela, o pilar da discussão se sustenta nos salários desproporcionais à carga horária oferecida, informalidade dos serviços (autonomia), escolarização e mudança de comportamento sobre o que significa o trabalho.
Jordana pontua que o último é justamente um dos motivos que afastam as pessoas da profissionalização e, consequentemente, de empregos que exigem cursos específicos. “Agora as pessoas lidam com emprego de maneira diferente e que os empresários precisam levar em consideração. Outras questões, como qualidade de vida e tempo para família, são assuntos que têm sido colocados na mesa, principalmente após a pandemia. As empresas precisam estar atentas a essas condições colocadas pelas pessoas”.
Uma das preocupações do mercado varejista, até mais que a inflação, é a falta de mão de obra especializada. Outro fator que contribui com o desinteresse pela profissionalização é a questão não proporcional de trabalho e salário. Áreas que demandam muita mão de obra e pouco salário têm afastado as pessoas.
Para tentar ajudar o segmento empresarial, o Senac tem buscado despertar interesse de uma profissionalização nos alunos do ensino médio indo até as escolas. A iniciativa é feita em parceria com associação de bairros e instituições que estão em regiões periféricas da cidade.
“Temos mantido diálogo muito forte com as empresas, para pensar em novas estratégias. Muitos dos cursos têm oferta significativa, mas o setor de tecnologia é um com alta empregabilidade e remunerações de entrada significativas. Temos quase 20 turmas de desenvolvimento de sistemas aqui e no interior”.
“No Brasil temos um desafio grande da educação básica. Vivemos um momento onde a tecnologia e áreas de gestão e saúde tem oportunidade, mas que demandam mais qualificação e isso demanda a escolarização. É um assunto que tem muitas variáveis. Aqui não existe um único ponto de vista”.
Por Suzi Jarde
Acesse as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram