Primeira etapa do Projeto Caminhos das Nascentes marca o início da recuperação de 378 hectares em área estratégica para conter erosões que afetam o Pantanal
O Projeto Caminhos das Nascentes iniciou nesta primeira semana de dezembro a fase da maior intervenção de campo já realizada pela iniciativa: a semeadura de 40 hectares no Núcleo São Thomaz, dentro do Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari, localizado entre Costa Rica e Alcinópolis (MS). Essa etapa dá início à restauração de uma área de aproximadamente 378 hectares, que será recuperada ao longo dos próximos anos para fortalecer a bacia do Rio Taquari e gerar benefícios diretos ao Pantanal.
A ação é conduzida pelo ITV – Instituto Taquari Vivo em parceria com a empresa Restaura, utilizando mais de quatro toneladas de sementes coletadas pela Rede Flor do Cerrado. A técnica adotada busca acelerar o retorno da vegetação nativa em uma das regiões mais sensíveis do planalto sul-mato-grossense, fundamental para reduzir os processos erosivos que contribuem para o assoreamento do Pantanal.
Logo no primeiro dia de atividades, a equipe iniciou a seleção das espécies nativas que compõem a semeadura, entre elas jatobá, mutambo, mogno-bravo, sucupira, baru e faveira, além de gramíneas e leguminosas essenciais para recompor o solo. Em seguida, foi preparada a tradicional “muvuca de sementes”, mistura que reúne diferentes espécies para ampliar a diversidade, a resiliência e a cobertura vegetal nos primeiros estágios da restauração. Com a mistura pronta, começou o plantio manual, realizado linha a linha sobre toda a área prevista nesta fase.
O mutirão reúne diversas instituições, como SOS Pantanal, Semadesc, Imasul, Semdema, UFMS, as prefeituras de Costa Rica e Alcinópolis e moradores do entorno do Parque. Segundo o ITV, o local foi escolhido por apresentar elevado grau de degradação e grande variação de declividade, fatores que intensificam a erosão e o transporte de sedimentos para áreas mais baixas.
“Escolhemos esse local pelo seu grau de degradação. Há áreas planas e outras muito inclinadas, onde o assoreamento avançou bastante ao longo dos anos. Restaurar aqui significa atuar na raiz do problema. Trabalhamos primeiro na recomposição do solo, para que ele volte a reter água e não fique tão exposto. Assim, reduzimos a quantidade de sedimentos que descem para o rio”, explica Letícia Reis, coordenadora do projeto.
O Instituto ressalta que processos erosivos são naturais, mas podem se intensificar com a ação humana, especialmente onde o solo está descoberto ou compactado. Nessas situações, a água da chuva ganha velocidade e carrega grande volume de sedimentos do planalto para o Pantanal.
“A restauração não reverte o que já aconteceu, mas diminui os impactos e impede que o problema se agrave. Quando recuperamos o solo, devolvemos cobertura vegetal e aplicamos técnicas de conservação, reduzimos a velocidade da água e seguramos o sedimento lá em cima. Isso faz diferença direta no bioma”, acrescenta.
A iniciativa é viabilizada pelo projeto Floresta Viva, gerido pelo Funbio e patrocinado pela Petrobras, BNDES e KfW.
Por Ian Netto
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