‘Gramática da Fúria’ relata os sentimentos mais pessoais da autora sobre situações e relações
A advogada, poetisa, escritora, presidente da AFLAMS (Academia Feminina de Letras e Artes de MS), presidente da Comissão de Cultura da OAB/MS, e embaixadora do Círculo Universal da Paz, Delasnieve Daspet, lançará em meados de abril seu novo livro, ‘Gramática da Fúria’, por meio da editora Alta Books.
A obra reúne os mais variados poemas de cunho pessoal da autora. “Os poemas dirão sobre encontros, desavenças, ofensas e a resposta a cada um, na essência. Não dou a outra face. Então, estes versos construíram poemas com os quais homenageio quem merece ou mereceu. Cada um sabe”, diz em apresentação da obra.
Carlos Nejar assina prefácio de “Gramática da Fúria”
O prefácio do livro é de Carlos Nejar, poeta, ficcionista, tradutor e crítico literário brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras, da Academia Brasileira de Filosofia, Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul, da Academia de Letras do Líbano e Brasil e da Academia de Ciências e Letras de Lisboa.
Em seu texto introdutório, Nejar descreve a obra como uma poesia que rompe esquemas tradicionais e se impõe com força e originalidade na literatura contemporânea. “A poesia de Delasnieve cria suas próprias regras num território mágico, ao sul e ao norte da alma”, afirma o escritor, destacando a intensidade e a liberdade dos versos da autora.
Reconhecida por sua atuação no cenário cultural e em entidades de paz internacional, Delasnieve Daspet é uma voz marcante da literatura sul-mato-grossense. Em Gramática da Fúria , ela desenvolveu uma escrita que “contempla a desordem do mundo, a erosão da pobreza e a fábrica da morte”, diz o acadêmico. “Como em Maiacóvski e Neruda, brada em versos sonoros o desequilíbrio”, pontua, fazendo comparativo com outros grandes autores internacionais. “
Além da força crítica, a obra de Delasnieve carrega um lirismo que se equilibra entre a denúncia e a esperança, segundo Nejar. “O leitor amará esta poesia, que é de furor e de amor escondido, com o assombro de uma imaginação que não se encolhe e a ironia, que é consciência da modernidade. E esta poesia se impõe, de forma imperiosa, na atual criação brasileira contemporânea”, escreve, reforçando a relevância da poeta na cena literária brasileira.
Construção
Vindos de um espaço pessoal, os poemas de ‘Gramática da Fúria’ surgem de vivências da autora, desabafados nas páginas e rimas. “Se me fazem um desaforo eu não vou falar nada; eu vou fazer um poema, onde vou acabar com a pessoa e pronto. Ela morreu para mim. Essa é a minha forma de limpar a raiva que todo se humano tem dentro de si, eu limpo com poesias. Não arrumo ‘barraco’, encrenca ou brigas, mas se você ler um poema meu ácido, venenoso, pode ter certeza que alguém me incomodou”, explica.
O prefácio de Carlos Nejar veio após o autor ler um desses poemas. “Ele telefonou para mim e perguntou se tinha mais poemas como esse. Falei que tinha vários, toda vez que fico com raiva de alguém, vira poema. Ele então pediu um compilado para ler, mandei em torno de 80 textos e em torno de cinco a seis meses ele me retornou com o prefácio”, relembra.
Caminhos
A publicação de Gramática da Fúria foi um processo que levou cerca de um ano e meio e envolve mudanças de planos até chegar ao mercado internacional. Inicialmente, a autora pretendia lançar a obra por sua própria editora, em Campo Grande. No entanto, um conselho mudou o rumor da publicação.
“O Dionizio, que é um dos maiores escritores do país na atualidade, me disse: ‘Esse livro tem que sair por uma grande editora, uma editora internacional’”, conta Delasnieve. A partir daí, ela foi apresentada a uma editora portuguesa de mais de cem anos de história, a Almedina, que posteriormente foi adquirida pela Alta Book.
A análise do livro pela nova editora começou em março de 2024, mas um evento pessoal fez Delasnieve interromper o processo. “No dia 7 faleceu minha irmã, aí eu suspendi tudo. Não mexi com nada mais”, relembra. A retomada ocorreu no fim do ano, quando recebeu a confirmação de que a obra estava pronta para edição.
“Eles me disseram: ‘Você é uma autora convidada da Alta Book’”, revela. Agora, Gramática da Fúria já está em pré-venda, e Delasnieve recebeu os primeiros exemplares para divulgação.
O livro traz poemas intensos, carregados de emoção e indignação. “São meus poemas. O verdadeiro eu dos poemas. É o momento de raiva de Delasnieve, aquele momento de fúria que todo ser humano tem”, explica. Para ela, negar esses sentimentos seria hipocrisia. “Quem disser pra você que não tem, que nasceu Madre Teresa de Calcutá, é mentira. A Madre Teresa mesmo era uma mulher brava”, brinca.
A autora ressalta que a obra representa sua essência e uma resposta a tudo que a impactou. “Sou eu, na essência. Sou eu na verdade. Sou eu na resposta que devo ser dada à pessoa que me agrediu”, conclui.
Complexidade
Para a autora, os leitores irão se identificar com seus poemas, ao passo que, todos somos seres com dois lados, logo, podem trocar a agressão ou raiva, pela literatura, assim como ela. “Eu reajo a um momento de ofensa com poesia. E acredito que as pessoas vão entender, se identificar e vão até perceber que podem falar e se limpar das coisas que estão dentro de si por meio da literatura”.
Serviço: O livro Gramática da Fúria está na pré-venda por meio do site oficial da editora https://altabooks.com.br/produto/gramatica-da-furia/ e na Amazon.
Por Carolina Rampi
Acesse as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram.