Com casos de violência diários, mulheres seguem medidas de segurança para se protegerem

Entre compartilhar localização até pesquisar o nome em sites de processos judiciais, elas compartilham as principais dicas

Com o registro de 38 feminicídios em 2025 e diversos casos diários de violência contra mulher, muitas delas estão tomando medidas de segurança para conseguirem conhecer novos pretendentes de forma segura. O alerta surge pelo fato de que, na maior parte dos casos em que mulheres foram mortas por ex ou pelo próprio companheiro, eles já tinham seus nomes em registros policiais por violência doméstica, agressão, ameaça e até tentativa de feminicídio.

Em um levantamento feito pela reportagem do Jornal O Estado com algumas mulheres foi possível perceber que se proteger pelo simples fato de ser mulher é uma preocupação constante, já que não se sentem seguras em determinados contextos, especialmente quando envolvem relacionamentos amorosos.

Ana Carolline Krasnievicz, de 26 anos, explicou que ao conhecer uma nova pessoa toma algumas providências, como pesquisar o nome da pessoa na internet, especialmente em sites de compilação de processos judiciais, olhar o perfil nas redes sociais, bem como compartilhar as informações como a localização do encontro com familiares ou amigas.

“Pesquisando pelo nome já encontrei um que tinha vários processos trabalhistas, mas era isso, mas nada sobre violência. Sempre olho as redes sociais, aviso amigas e, se vou para um encontro, nunca saio sem dinheiro, pelo menos para pedir um carro e voltar para casa, porque você pode levantar e sair a qualquer momento ou sinal estranho que vier da pessoa”, explicou.

Ana ainda relembra a vez que pediu o documento de uma pessoa que viria de outra cidade para vê-la, a fim de se assegurar que as pessoas próximas à ela teriam as informações necessárias caso acontecesse algo.

“Não é para todo mundo que eu peço, é claro, mas, se tiver necessidade, peço sem nenhum problema. Se ele problematizar, acho que é um grande sinal que talvez um ponto de atenção, porque o que ele teria para esconder?”, questionou a comunicadora.

A comunicação entre as mulheres que já se relacionam com a mesma pessoa também é usada como forma de proteção. Raissa Machinsky Britts, de 32 anos, relata que já foi procurada por uma mulher, que entrou em contato para alertá-la sobre o comportamento e os casos de agressão envolvendo a pessoa com quem Raíssa estava namorando.

“A ex dele veio contar para mim que ele, que agora é ex, era agressor, mas na época eu não acreditei. Nesse tempo ele fez coisas horríveis até eu ficar oprimida e deprimida. Agora, estou namorando com outras pessoas, mas já fui conversar com a ex para saber qual era a ‘ficha’ dele”, disse, reforçando que a comunicação entre mulheres é essencial em casos assim.

Até mesmo quem já está casada, como é o caso de Thais Rodrigues Marques, que confessa que stalkeou o futuro esposo antes de marcar um encontro para conhecê-lo melhor.

“Até com meu marido eu pesquisei para ver se ele tinha algum b.o., mas tudo isso eu vejo como prevenção”, afirmou.

Apesar de todas as dicas de cuidados e segurança, Ana salienta o quanto se sente cansada por ter que sempre precisar ficar em alerta pelo simples fato de ser mulher e querer se relacionar.

“A gente quer sair, se divertir, não quer ficar tendo que cuidar de tudo dessa forma, é cansativo. A gente só queria ter essa confiança, mas diante de tantos casos não tem como não prestar atenção nessas coisas, Não me arrependo em nenhum momento em fazer essas escolhas pela minha segurança”, destacou.

Por Ana Clara Julião

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