Durante oito meses, a mestre em Conservação da Biodiversidade, Amanda Messias, esteve em três trechos que dão acesso ao município de Bonito: a rodovia MS-178 (dividida em duas partes, sentido Jardim e sentido Bodoquena), a MS-382 e a MS-345. Segundo a bióloga, o objetivo era constatar a quantidade de animais atropelados e os fatores que motivam esses acidentes.

Foto: Amanda Messias
Um dos objetivos da pesquisa foi identificar o cálculo de agregações de atropelamento, que são áreas nas rodovias onde há maior concentração de animais atropelados. Além dos 463 animais identificados pelo estudo, a profissional registrou 40 passagens de fauna nessas rodovias, onde também constatou sinais de atropelamento. Conforme a bióloga, os atropelamentos não estão apenas relacionados à imprudência dos motoristas, mas também à falta de estrutura viária.
“Para, de fato, ter uma efetividade maior, só a passagem em si não traz um resultado 100%. Sem o cercamento, sem o direcionamento do animal para as passagens, a utilização delas é mais pontual. Não dá para a gente cobrar só do motorista o problema. A gente tem que mudar o comportamento da fauna”, explica.
Outro dado de suma importância constatado pelo estudo são os animais que vão a óbito. Segundo a bióloga, um dos mais atropelados foi o tamanduá-bandeira, uma espécie ameaçada de extinção.
Embora Amanda Messias seja paulistana, ela se encantou por Bonito, o que a levou a focar seu estudo no município e região. No entanto, a profissional se preocupa com a banalização dos atropelamentos de fauna pela população bonitense.
“Eu via que as pessoas de Bonito achavam que era normal, mas não é normal. Não é normal um animal morrer de forma não natural. A gente tem que pensar que Bonito é uma cidade considerada a capital do ecoturismo brasileiro, sinônimo de conservação, que recebe milhares de turistas por ano. E que esses acidentes, as colisões veiculares com fauna, representam também uma insegurança para essas pessoas. Então, é muito importante a gente, de fato, cercar as rodovias”, expressa.
Por Ana Cavalcante