Indispensável na cozinha, tempero segue no carrinho mesmo com mudanças nos hábitos de consumo
O quilo do tempero, essencial na culinária brasileira, está mais caro do que a carne. Conforme apurado pela reportagem, o alho a granel chega a custar R$ 42,25 em alguns mercados de Campo Grande, enquanto o quilo do coxão mole a vácuo, por exemplo, segundo a pesquisa semanal de preços da cesta básica do O Estado, estava em média R$ 37,89 na última semana.
A aposentada Relinda Albuquerque, 67, sente o impacto do aumento. “Subiu muito no último mês. O quilo do alho está R$ 40. E a gente usa alho em tudo, não dá para ficar sem. Mesmo caro, tem que comprar”, comenta.
De acordo com Douglas Aparecido, gerente do mercado Duarte, o aumento no preço se deve à sazonalidade da produção e à estratégia de alguns produtores de segurar o produto para atravessar a entressafra. “Não teve o mesmo rendimento do ano passado, então a produção foi menor, a procura aumentou e o preço subiu”, explica.
A comercialização do alho no mercado passa por diferentes fornecedores. Segundo o gerente, parte vem de produtores da região e parte é adquirida na CEASA, que abastece tanto com alho produzido no Estado quanto com o de outras regiões do Brasil.
Apesar do preço elevado, a demanda pelo tempero não caiu. O que mudou foi o comportamento dos consumidores, que passaram a buscar alternativas. “Não houve queda nas vendas, mas notamos aumento na procura por outros temperos, como a cebola, e também pelo alho processado, que vem em potinhos e tem um preço mais acessível”, afirma.
Ainda de acordo com o gerente, a expectativa do setor é que o valor comece a cair nos próximos meses, com a chegada do inverno e o aumento da oferta.
A produção nacional de alho gira em torno de 220 mil toneladas ao ano, conforme dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Em Mato Grosso do Sul, o cultivo está concentrado na agricultura familiar, com 25 produtores cadastrados pela Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).
Conforme a Agência, estes produtores sul-mato-grossenses estão localizados hoje emAmambai (4), Bandeirantes (1), Coronel Sapucaia (2), Itaquiraí (2), Mundo Novo (2),
Naviraí (5), Ponta Porã (6) e Ribas do Rio Pardo (3).
“Apenas um deles utiliza a tecnologia do alho-semente livre de vírus, em Mundo Novo, tendo iniciado o plantio há um ano”, detalha a assessoria da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural.
Ainda, a Agraer aponta que todos esses 25 produtores somam uma produção mensal de 6 mil quilos por hectare deste cultivo específico.
Por Djeneffer Cordoba