Roupas e panos vermelhos pendurados nas janelas se converteram em um símbolo contra a pobreza na Colômbia. Em plena pandemia, famílias com poucos recursos encaram a escassez de alimentos e a fome. Com a ajuda de doações, muitas vezes dos próprios vizinhos, os colombianos tentam atravessar a crise.
A Colômbia tem uma população de 49,9 milhões de habitantes. Segundo o Censo de 2018, 40% da população são de vulneráveis e 19,6% vivem na pobreza multidimensional, ou seja, não têm acesso à educação, saúde, emprego, serviços públicos e moradia, entre outros.
Quanto à renda, 27% da população são pobres (eles têm renda menor que 257 mil pesos colombianos, o que equivale a cerca de R$ 364) e 7% vivem em pobreza extrema, com menos de 118 mil pesos colombianos (cerca de R$ 167) mensais.
As cifras da covid-19, até o momento, indicam 4.561 casos confirmados, 927 recuperados e 215 mortes. No entanto, especialistas afirmam que o país tem uma subnotificação dos casos por falta de ampla testagem.
O movimento começou na cidade de Soacha, vizinha a Bogotá, a partir de uma iniciativa do prefeito do município, Juan Saldarriaga.
Em Soacha, como em outros municípios, a prefeitura entrega cestas com arroz, lentilhas, óleo, açúcar, macarrão e farinha em escolas e praças. Empresários, autoridades e artistas, muito comumente, fazem doações para as cestas básicas, que duram, em média, uma semana.
O prefeito do município, responsável pela iniciativa dos panos nas janelas, afirma que pensou na estratégia para facilitar a identificação das famílias mais vulneráveis e poder entregar as cestas básicas sem a necessidade de entrevistas e burocracia. Saldarriaga disse ainda que o pano não apenas serve para localizar a fome, mas também para gerar solidariedade entre os vizinhos.
Segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística da Colômbia, Soacha registra uma pobreza multidimensional de 60%, ou seja, uma pobreza três vezes maior do que a média nacional. A maioria dos habitantes do município, de acordo com o prefeito, vive de trabalhos como vendedores ambulantes, faxineiras e diaristas em casas de Bogotá.
Atualmente, com o isolamento devido ao novo coronavírus, muitas pessoas não conseguem trabalhar e levar alimentos para casa. Desta forma, os panos vermelhos indicam que naquela casa há quem precise de comida urgente.
O prefeito disse já ter distribuído 200 mil cestas básicas. No entanto, em Soacha, existem pelo menos 300 mil famílias necessitando de comida.
(Texto: Agência Brasil)