Após se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, Paulo Guedes deixou o Palácio do Planalto ainda como ministro numa reunião na terça-feira (18). Mesmo inclinado a entregar o cargo, ele resolveu continuar para tocar sua agenda liberal.
Considerado o grande trunfo de Bolsonaro com o mercado, o ministro se vê encurralado pela repercussão de suas próprias declarações e pelos cálculos políticos e eleitorais do presidente. Para Bolsonaro, perdê-lo agora seria desastroso para a continuidade de seu governo.
Guedes ouviu apelos de Bolsonaro e dos ministros Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), que também participaram da reunião, para continuar no governo.
Segundo fontes do portal de notícias Congresso em Foco, Guedes disse que “Está difícil segurar”. O ministro tem comentado com pessoas próximas que, se resolver deixar o governo, pretende expor os seus verdadeiros motivos. O principal motivo hoje da irritação está na reforma administrativa.
Guedes pretende fazer mudanças profundas nas regras para o funcionalismo público. Mas Bolsonaro tem dito, inclusive publicamente, que não pretende mexer com os atuais servidores, o que desagrada ao ministro.
O chamado “Posto Ipiranga”, apelido dado pelo presidente ainda durante a campanha eleitoral para indicar a autonomia que daria a ele, sente que não tem o poder que imaginaria ter. Acha que tem perdido dinheiro por ter se afastado dos seus negócios e que tem sido criticado por tudo o que faz ou fala. Para Guedes, o entorno de Bolsonaro tem estimulado críticas a ele e à sua forma de conduzir a Economia. “Eles só pensam em eleição”, desabafou o ministro com amigos.
(Texto: João Fernandes com Congresso em Foco)