“Dessa vez, o cara só queria fugir, mas e se fosse alguém armado?”, questionam pais de alunos de escola invadida

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Famílias denunciam desde a falta de portas a fechaduras nas salas de aula e cobram mais segurança

A invasão de um homem dentro da Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, no bairro Universitário, acendeu um alerta entre os pais e reacendeu o debate sobre a segurança nas unidades de ensino da Capital. Apesar de a prefeitura afirmar que investe na proteção das escolas, a comunidade escolar questiona a ausência de vigilância permanente e medidas básicas como portas e fechaduras nas portas de aula.

Na manhã de ontem (27), dois homens fugiram após furtar a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), próximo à Avenida Guaicurus. Durante a tentativa de escapar da polícia, um dos suspeitos entrou na escola para se esconder. A Polícia Militar foi acionada e prendeu o indivíduo rapidamente, sem que houvesse contato com alunos ou servidores.

Horas depois do ocorrido, a equipe de reportagem esteve na unidade e encontrou o portão aberto e sem vigia, o que gerou ainda mais indignação entre os pais.

“Se tivesse um guarda, não teria acontecido”

Ivan

Ivan Martins, autônomo e pai de um aluno de 8 anos, soube da invasão por uma sobrinha que viu a reportagem nas redes sociais. “Na hora em que ela me avisou, eu não sabia que era a escola do meu filho. Quando confirmei, larguei tudo e vim correndo para cá”, contou.

Para ele, a falta de um guarda municipal fixo na escola facilita esse tipo de situação. “Aqui em Campo Grande tem 76 escolas municipais e estaduais, e cadê os guardas? Eu os vejo no Centro, multando carro, mas nas escolas não tem um na porta. Se tivesse um guarda aqui, inibiria. O que custa colocar um de dia, já que à noite tem?”, questionou.

Ivan também relatou que já presenciou outras falhas na segurança. “Às vezes chego cedo para trazer meu filho e tem várias crianças do lado de fora, com o portão fechado. Se acontecesse algo nessa hora, quem ia socorrer? Só eu de adulto. Isso é perigoso”, alertou.

Pais assustados e falta de comunicação

A mãe Rosana da Rocha ficou aliviada por seu filho de 8 anos não ter ido à escola no dia da invasão. “Graças a Deus ele faltou ontem, porque eu ia ficar desesperada. Quando soube o que aconteceu, fiquei preocupada”, disse.

Já Luana Espíndola, mãe de um aluno de 7 anos, só soube do ocorrido quando chegou para buscar a filha. “Ela ficou assustada, mas não entendeu muito bem o que estava acontecendo. No começo, eu também não sabia se o homem tinha entrado para roubar ou só para fugir. Depois que fui entender a história toda”, explicou.

Ela reforçou que a segurança precisa ser revista. “Dessa vez, o cara só queria fugir, mas e se fosse alguém armado? Alguém que quisesse fazer mal para as crianças ou para os professores? Hoje em dia, a gente vê tanta coisa acontecendo”, lamentou.

Portas sem fechadura e improviso dos professores

Um pai que não quis se identificar revelou um problema estrutural que tornou a situação ainda mais preocupante. “Meu filho contou que, na hora da invasão, os professores tiveram que colocar mesas e cadeiras para segurar as portas das salas, porque não têm fechadura. Se esse homem quisesse entrar numa sala, ele entrava fácil”, denunciou.

Ivan criticou a falta de um protocolo eficiente para avisar os pais. “Eu só fiquei sabendo porque minha sobrinha viu a matéria. E se tivesse acontecido algo pior? Se minha esposa tivesse visto antes de mim, teria ficado louca de preocupação”, disse.

Funcionários receberam treinamento

Daiane Cristina, funcionária da escola e mãe de duas alunas, de 12 e 4 anos, contou que foi uma das pessoas que abriram o portão para a Guarda Municipal entrar. Segundo ela, os funcionários passam por treinamentos para lidar com esse tipo de situação. “No começo do ano, a Semed prepara todos os funcionários, professores e monitores. A gente sabia o que fazer”, relatou.

Ela também explicou que os pais foram avisados conforme a necessidade. “As crianças pequenas ficaram mais assustadas, então ligamos para os pais virem buscá-las. Já os adolescentes conseguiram lidar melhor com a situação”, disse.

Apesar do susto, as aulas seguiram normalmente. A diretora da escola solicitou a visita de uma construtora para avaliar melhorias na estrutura do muro da unidade. No entanto, os pais cobram ações mais concretas da prefeitura, como a presença fixa da Guarda Municipal e a instalação de trancas nas portas das salas.

Até o fechamento da edição, a prefeitura não respondeu aos questionamentos sobre as medidas que podem ser adotadas para reforçar a segurança nas escolas municipais e os questionamentos dos pais.

Por Roberta Martins

 

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